A produção mundial de vinhos está dividida em Velho Mundo e Novo Mundo. No primeiro grupo estão os países europeus de longo prestígio na elaboração de vinhos nobres, como França, Itália, Portugal, Espanha, Hungria e Alemanha. No segundo time poderíamos dizer que estão os demais países, destacando-se os emergentes - Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul - e a América do Sul, com Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. Prepare-se para viajar.
Velho Mundo, velhos sábios
Não é exagero dizer que o prestígio do vinho e também seu status como bebida nobre devem-se aos produtores do Velho Mundo. O título acima também não carrega nenhum exagero. Velhos sábios, sim, pois foram eles os primeiros a entender o valor do terroir e a importância de se estabelecer regras para a produção de vinhos. O terroir, especialmente na França, é a carteira de identidade do vinho. O apreciador que saiba fazer distinções vai confirmar na degustação o que está no rótulo. Isso porque a bebida deve refletir sua origem, sua alma, seu terroir. Mais importante do que citar as uvas que compõem os vinhos é apontar o país e a região de onde eles vêm.
França
Por onde começar? Ou melhor, como resumir 2.500 anos de história do vinho em tão poucas páginas? Bem, vamos tentar pelo que se encontra nas prateleiras. Às uvas, então.
São francesas as grandes castas viníferas que hoje fazem a alegria de enófilos do mundo inteiro. Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Merlot, Pinot Noir, Sauvignon Blanc, Cabernet Franc e outras são castas francesas, mas cultivadas em muitos outros países e bem adaptadas a eles.
A França tem uma legislação austera, que torna seu vinho sinônimo de capricho e rigor. Não por acaso, o país é a grande escola de enologia para produtores do mundo inteiro, ainda que países emergentes busquem novos estilos de vinhos. Além disso, é um produtor e consumidor notável também em números: anualmente, produz cerca de sessenta milhões de hectolitros e consome sessenta litros per capita. Com tanto vinho assim, é evidente que não basta ser francês para ser bom. Existe muito vinho francês de qualidade duvidosa, por isso, na hora da compra, é importante observar no rótulo a região e o produtor.
Procure nos rótulos as classificações:
Vin de Table (Vinho de Mesa): categoria composta por vinhos simples, mais baratos, provenientes de várias regiões, em especial do Midi (Sul).
Vin de Pays (vinho Regional): de categoria superior ao Vin de Table, esse vinho é proveniente de regiões determinadas, especialmente do Sul.
Vin Délimité de Qualité Supérieure - VDQS (Vinho Delimitado de Qualidade Superior): antecede a categoria máxima dos vinhos franceses. São aqueles provenientes de regiões pequenas.
Vin d'Appellation d'Origine Contrôlée - AOC (Vinho de Denominação de Origem Controlada): nessa categoria estão os grandes vinhos franceses. As normas de produção são estabelecidas pelo Institut National des Appellations d' Origine (INAO), com sede em Paris.
São sete as principais regiões produtoras:
Bordeaux
No mapa: Sudoeste da França, na confluência dos rios Garonne e Dordogne.
É a região vinícola mais importante da França. De lá saem os grandes vinhos do mundo - os mais caros também.
Castas mais comuns: tintas - Cabernet Sauvignon, Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot; brancas - Sauvignon Bçanc, Muscadelle, Sémillon, Merlot Blanc.
É composta por sete sub-regiões: Graves, Médoc, Sauteners-Barsac, entre-Deux-Mers, Pessac-Léo-gnan, Pomerol e Saint-Emilion. Médoc é a mais famosa, dividida nas seguintes comunas, do sul para o norte: Margaux, Moulis, Listrac, Saint-Julien, Pauillac e Saint-Estèphe.
Não morra sem experimentar: Château Mouton- Rothschild, Château Latife-Rothschild, Château Latour, Château Margaux, Château Pétrus, Châteua Haut-Brion, Château D' Yquem.
Borgonha
No mapa: Centro-Oeste da França.
É considerada a segunda região vinífera mais importante do país. Produz brancos e tintos.
Castas mais comuns: tintas - Pinot Noir, Gamay; brancas - Chardonnay, Pinot Blanc, Aligoté. A Borgonha (Bourgogne) tem a seu favor o branco seco Montrachet e o tinto Romanée-Conti, dois dos maiores vinhos da França e, portanto, do mundo. De lá também são o branco Chablis e os tintos Beaujolais, inclusive o festivo Beaujolais Nouveau.
É composta por cinco principais sub-regiões: Chablis, Côte d'Or, Chalonnais, Mâconnais e Beaujolais.
Não morra sem experimentar: Le Montrachet, La Romanée-Conti, Château Fuissé, Clos du Roy.
Champagne
No mapa: Nordeste da França.
É uma das regiões mais importantes do país, pela produção dos desejados champagnes. Nas cidades de Epernay, Reims e Ay, próximas ao rio Marne, prospera o vinho borbulhante, sinônimo de alegria, sofisticação e elegância. Pelas leis locais, o champagne só pode ser elaborado com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier e com a branca Chardonnay. O método de produção também é único, o champenoise, em que a segunda fermentação, a que produz as bolhas, ou perlage, se dá na própria garrafa.
Existem seis categorias de champanhe:
Não-millésimé: champanhe branco, comum, sem referência a safra. Corresponde a 80% de toda a produção de Champagne.
Millésimé: champagne com data, produzido com vinho de uma só colheita, geralmente muito boa. Deve envelhecer em adega por três anos.
Cuvée de Prestige: elaborado com os melhores vinhos das melhores safras. Champanhe nobre, muito caro, comercializado em garrafas especiais. Exemplo: Dom Pérignon.
Rosé: utiliza vinho ou mosto de uvas tintas, o que lhe confere mais o corpo.
Blanc de Blancs: elaborado com a uva Chardonnay.
Blanc de Noirs: elaborado com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier.
Quanto ao teor de açúcar, existem seis tipos de champanhe:
Extra-brut: sem adição de açúcar (até 6g de açúcar residual por litro).
Brut: o mais seco( menos de 15g de açúcar por litro).
Extra-sec: muito seco (de 15g a 20g de açúcar por litro).
Sec:seco (de 17 g a 35 g de açúcar por litro).
Demi-sec: entre seco e doce (de 35 g a 50 g de açúcar por litro).
Doux: doce (acima de 50 g de açúcar por litro).
Não morra sem experimentar: krug, dom Pérignon, Bollinger, Piper-heidsieck, Louis Roederer, Veuve Clicquot, Taittinger, Pommery, Moët & Chandon.
Alsácia
No mapa: Leste da França, próximo à fronteira com a Alemanha.
Essa região difere do padrão francês de classificação, pois seus vinhos, em geral, são varietais (trazem o nome da uva no rótulo). Os vinhedos "perseguem" o rio Reno e as montanhas próximas. A região prima por vinhos brancos secos, frutados e de aromas ricos.
Castas mais comuns: brancas - Riesling Renana, Gewurztraminer, Muscat, Pinot Gris (ou Tokay d' Alsace), que produzem os melhores vinhos da Alsácia. Existem ainda uvas que produzem vinhos mais simples: Pinot Blanc, Pinot Noir, Sylvaner, Chasselas.
Não morra sem experimentar: Alsace Sélection de Grains Nobles, Alsace Grands Crus, Alsace Vendage Tardive.
Rhône
No mapa: Sul da França, às margens do rio Rhône. Referências: cidades de Lyon e Avignon, nas proximidades do mediterrâneo.
Castas mais comuns: tintas - Syrah, Grenache, Mourvèdre, Cinsault; brancas - Clairette, Grenache Blanc, Roussane, Bourboulenc.
São de lá: os grandes vinhos tintos Hermitage, com estrutura para envelhecer por muitos anos, e o Châteauneuf-du-Pape, prestigiado no mundo inteiro. Entre os brancos destacam-se o Château Grillet e o Coindrieu, ambos elaborados com a casta Viognier. É preciso citar também o Tavel, feito com a uva Grenache e considerado o melhor rosé da França.
Loire
No mapa: Norte da França, nos arredores do rio Loire.
Castas mais comuns: tintas (são as mais cultivadas) Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Gamay, Pinot Noir; brancas - Chasselas, Chenin Blanc, Sauvignon Blanc.
É composta por várias sub-regiões: Anjou-Saumur, Touraine, Muscadet, Sancerre, Pouilly Fumé, Vouvray etc.
Os rosés de Anjou ficaram famosos no Brasil, mesmo não sendo grandes vinhos. Hoje, os brancos e tintos Sancerre, o Pouilly Fumé branco seco e os Vouvray brancos, secos ou doces são, merecidamente, mais prestigiados aqui.
Midi
No mapa: estende-se do oeste do Rhône até os Pirineus, no Sul da França.
Castas mais comuns: tintas - Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Grenache, Mourvèdre, Cinsault; branccas - Chardonnay, Ugni Blanc.
É composta por três sub-regiões: Cotês de Provence, Languedoc e Roussillon.
Por muito tempo, essa região foi desvalorizada pela produção de vinhos comuns, mas isso está mudando. Uma nova mentalidade entre os viticultores vem introduzindo qualidade nos vinhos, a ponto de a região já receber o título de California francesa. Uma curiosidade: no Brasil, os rosés de Provence foram moda entre as décadas de 60 e 70.
Velho Mundo, velhos sábios
Não é exagero dizer que o prestígio do vinho e também seu status como bebida nobre devem-se aos produtores do Velho Mundo. O título acima também não carrega nenhum exagero. Velhos sábios, sim, pois foram eles os primeiros a entender o valor do terroir e a importância de se estabelecer regras para a produção de vinhos. O terroir, especialmente na França, é a carteira de identidade do vinho. O apreciador que saiba fazer distinções vai confirmar na degustação o que está no rótulo. Isso porque a bebida deve refletir sua origem, sua alma, seu terroir. Mais importante do que citar as uvas que compõem os vinhos é apontar o país e a região de onde eles vêm.
França
Por onde começar? Ou melhor, como resumir 2.500 anos de história do vinho em tão poucas páginas? Bem, vamos tentar pelo que se encontra nas prateleiras. Às uvas, então.
São francesas as grandes castas viníferas que hoje fazem a alegria de enófilos do mundo inteiro. Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Merlot, Pinot Noir, Sauvignon Blanc, Cabernet Franc e outras são castas francesas, mas cultivadas em muitos outros países e bem adaptadas a eles.
A França tem uma legislação austera, que torna seu vinho sinônimo de capricho e rigor. Não por acaso, o país é a grande escola de enologia para produtores do mundo inteiro, ainda que países emergentes busquem novos estilos de vinhos. Além disso, é um produtor e consumidor notável também em números: anualmente, produz cerca de sessenta milhões de hectolitros e consome sessenta litros per capita. Com tanto vinho assim, é evidente que não basta ser francês para ser bom. Existe muito vinho francês de qualidade duvidosa, por isso, na hora da compra, é importante observar no rótulo a região e o produtor.
Procure nos rótulos as classificações:
Vin de Table (Vinho de Mesa): categoria composta por vinhos simples, mais baratos, provenientes de várias regiões, em especial do Midi (Sul).
Vin de Pays (vinho Regional): de categoria superior ao Vin de Table, esse vinho é proveniente de regiões determinadas, especialmente do Sul.
Vin Délimité de Qualité Supérieure - VDQS (Vinho Delimitado de Qualidade Superior): antecede a categoria máxima dos vinhos franceses. São aqueles provenientes de regiões pequenas.
Vin d'Appellation d'Origine Contrôlée - AOC (Vinho de Denominação de Origem Controlada): nessa categoria estão os grandes vinhos franceses. As normas de produção são estabelecidas pelo Institut National des Appellations d' Origine (INAO), com sede em Paris.
São sete as principais regiões produtoras:
Bordeaux
No mapa: Sudoeste da França, na confluência dos rios Garonne e Dordogne.
É a região vinícola mais importante da França. De lá saem os grandes vinhos do mundo - os mais caros também.
Castas mais comuns: tintas - Cabernet Sauvignon, Malbec, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot; brancas - Sauvignon Bçanc, Muscadelle, Sémillon, Merlot Blanc.
É composta por sete sub-regiões: Graves, Médoc, Sauteners-Barsac, entre-Deux-Mers, Pessac-Léo-gnan, Pomerol e Saint-Emilion. Médoc é a mais famosa, dividida nas seguintes comunas, do sul para o norte: Margaux, Moulis, Listrac, Saint-Julien, Pauillac e Saint-Estèphe.
Não morra sem experimentar: Château Mouton- Rothschild, Château Latife-Rothschild, Château Latour, Château Margaux, Château Pétrus, Châteua Haut-Brion, Château D' Yquem.
Borgonha
No mapa: Centro-Oeste da França.
É considerada a segunda região vinífera mais importante do país. Produz brancos e tintos.
Castas mais comuns: tintas - Pinot Noir, Gamay; brancas - Chardonnay, Pinot Blanc, Aligoté. A Borgonha (Bourgogne) tem a seu favor o branco seco Montrachet e o tinto Romanée-Conti, dois dos maiores vinhos da França e, portanto, do mundo. De lá também são o branco Chablis e os tintos Beaujolais, inclusive o festivo Beaujolais Nouveau.
É composta por cinco principais sub-regiões: Chablis, Côte d'Or, Chalonnais, Mâconnais e Beaujolais.
Não morra sem experimentar: Le Montrachet, La Romanée-Conti, Château Fuissé, Clos du Roy.
Champagne
No mapa: Nordeste da França.
É uma das regiões mais importantes do país, pela produção dos desejados champagnes. Nas cidades de Epernay, Reims e Ay, próximas ao rio Marne, prospera o vinho borbulhante, sinônimo de alegria, sofisticação e elegância. Pelas leis locais, o champagne só pode ser elaborado com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier e com a branca Chardonnay. O método de produção também é único, o champenoise, em que a segunda fermentação, a que produz as bolhas, ou perlage, se dá na própria garrafa.
Existem seis categorias de champanhe:
Não-millésimé: champanhe branco, comum, sem referência a safra. Corresponde a 80% de toda a produção de Champagne.
Millésimé: champagne com data, produzido com vinho de uma só colheita, geralmente muito boa. Deve envelhecer em adega por três anos.
Cuvée de Prestige: elaborado com os melhores vinhos das melhores safras. Champanhe nobre, muito caro, comercializado em garrafas especiais. Exemplo: Dom Pérignon.
Rosé: utiliza vinho ou mosto de uvas tintas, o que lhe confere mais o corpo.
Blanc de Blancs: elaborado com a uva Chardonnay.
Blanc de Noirs: elaborado com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier.
Quanto ao teor de açúcar, existem seis tipos de champanhe:
Extra-brut: sem adição de açúcar (até 6g de açúcar residual por litro).
Brut: o mais seco( menos de 15g de açúcar por litro).
Extra-sec: muito seco (de 15g a 20g de açúcar por litro).
Sec:seco (de 17 g a 35 g de açúcar por litro).
Demi-sec: entre seco e doce (de 35 g a 50 g de açúcar por litro).
Doux: doce (acima de 50 g de açúcar por litro).
Não morra sem experimentar: krug, dom Pérignon, Bollinger, Piper-heidsieck, Louis Roederer, Veuve Clicquot, Taittinger, Pommery, Moët & Chandon.
Alsácia
No mapa: Leste da França, próximo à fronteira com a Alemanha.
Essa região difere do padrão francês de classificação, pois seus vinhos, em geral, são varietais (trazem o nome da uva no rótulo). Os vinhedos "perseguem" o rio Reno e as montanhas próximas. A região prima por vinhos brancos secos, frutados e de aromas ricos.
Castas mais comuns: brancas - Riesling Renana, Gewurztraminer, Muscat, Pinot Gris (ou Tokay d' Alsace), que produzem os melhores vinhos da Alsácia. Existem ainda uvas que produzem vinhos mais simples: Pinot Blanc, Pinot Noir, Sylvaner, Chasselas.
Não morra sem experimentar: Alsace Sélection de Grains Nobles, Alsace Grands Crus, Alsace Vendage Tardive.
Rhône
No mapa: Sul da França, às margens do rio Rhône. Referências: cidades de Lyon e Avignon, nas proximidades do mediterrâneo.
Castas mais comuns: tintas - Syrah, Grenache, Mourvèdre, Cinsault; brancas - Clairette, Grenache Blanc, Roussane, Bourboulenc.
São de lá: os grandes vinhos tintos Hermitage, com estrutura para envelhecer por muitos anos, e o Châteauneuf-du-Pape, prestigiado no mundo inteiro. Entre os brancos destacam-se o Château Grillet e o Coindrieu, ambos elaborados com a casta Viognier. É preciso citar também o Tavel, feito com a uva Grenache e considerado o melhor rosé da França.
Loire
No mapa: Norte da França, nos arredores do rio Loire.
Castas mais comuns: tintas (são as mais cultivadas) Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Gamay, Pinot Noir; brancas - Chasselas, Chenin Blanc, Sauvignon Blanc.
É composta por várias sub-regiões: Anjou-Saumur, Touraine, Muscadet, Sancerre, Pouilly Fumé, Vouvray etc.
Os rosés de Anjou ficaram famosos no Brasil, mesmo não sendo grandes vinhos. Hoje, os brancos e tintos Sancerre, o Pouilly Fumé branco seco e os Vouvray brancos, secos ou doces são, merecidamente, mais prestigiados aqui.
Midi
No mapa: estende-se do oeste do Rhône até os Pirineus, no Sul da França.
Castas mais comuns: tintas - Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Grenache, Mourvèdre, Cinsault; branccas - Chardonnay, Ugni Blanc.
É composta por três sub-regiões: Cotês de Provence, Languedoc e Roussillon.
Por muito tempo, essa região foi desvalorizada pela produção de vinhos comuns, mas isso está mudando. Uma nova mentalidade entre os viticultores vem introduzindo qualidade nos vinhos, a ponto de a região já receber o título de California francesa. Uma curiosidade: no Brasil, os rosés de Provence foram moda entre as décadas de 60 e 70.
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