Matéria interessantíssima tirada de uma revista de vinhos sobre Ronnie Von e seu amor pelos vinhos, o cara tem uma história no mínimo diferente dos demais.
Ronaldo Linderberg Von Schilgem Cintra Nogueira é um dos enófilos mais requintados do País. Não está ligando o nome à figura? Nunca o viu em degustações top? Nunca bebeu um Petrus na casa dele? Pois na época em que Ronaldo se transformou em Ronnie Von, o príncipe da Jovem Guarda, ele já tinha tomado todos os grandes vinhos do mundo e um pouco mais, enquanto seus colegas de música e de geração bebiam Cuba Libre, Hi-Fi e vinho ordinário com groselha. Membro de uma árvore genealógica ilustre, que mescla fundadores do Rio com imigrantes alemães, ele iniciou essa jornada na alta enofilia tão precocemente por uma circunstância genética - havia em sua vida alguém capaz de conduzi-lo, a tempo, pelos melhores vinhedos da vida. Seu pai, o ministro plenipotenciário do Itamaraty José Maria Nogueira, embora abstêmio, trazia na mala diplomática, quando retornava ao Brasil, os melhores rótulos da Paris dos anos 60, em que ainda abundavam Château Margaux, Petrus, Lafites e MoutonRotschild - ícones que, a partir dos anos 90, com o surgimento de novas fortunas, sobretudo no mundo árabe, passaram a ser disputados a tapa e a petrodólares e se tornaram mercadoria escassa e ultra-seleta. "Fui muito mal acostumado, desde cedo, aos melhores vinhos do mundo, como todo o domínio Romanée-Conti". Por isso, mais tarde, ele precisaria se empenhar numa verdadeira reeducação para baixo, do nariz e da boca. Um downgrade do paladar. "Tive de fazer um reaprendizado, tudo parecia ruim". Se não fizesse isso, seria um elitista absoluto, um lorde dos vinhos, o que o alijaria de 95% da produção mundial. Fez oito cursos de sommelier e ficou mais eclético. Hoje, também gosta, por exemplo, dos agrgentinos, "o melhor MALBEC do mundo", adora os espumantes nacionais da Salton e reconhece que a França também produz muita porcaria. Aliás, está entre aqueles para que um vinho não deve - embora possa - custar mais de 100 dólares. Sua paixão enofílica não alcança apenas o olfato e o paladar, mas o intelecto. O gosto pelos vinhos propicia uma viagem à história, à geografia, à química, à aventura.
Ao tomar a França, os alemães destruíram quase tudo, inclusive as grandes enotecas. Mas os donos do célebre restaurante Tour D' Argent conseguiram emparedar seus melhores rótulos, livrando-os da sanha nazista. Anos depois, a adega oculta foi redescoberta. "
"Não sosseguei enquanto não fui lá" Estudioso de tudo o que cerca a arte vinífera, ele é dos poucos brasileiros que bebem tudo o que deseja beber. Pois sua adega caseira, em termos de rótulos, rivaliza com a dos mais sofisticados restaurantes da cidade. Com a vantagem de que, para os amigos é tudo de graça.
RESERVA ESPECIAL (clique ao lado e conheca os rótulos e alguns valores)
Ronnie confessa que sua adega tem mais conteúdo do que forma. Instalada no subsolo da casa, não tem o refinamento decorativo das adegas-design, hoje expostas nas salas das grandes residências. Alguns exemplares já prontos para beber ficam numa pequena adega na copa, aptos ao consumo diário. Mas alguns dos melhores vinhos, entre os 4 500rótulos da adega de Ronnie ainda estão em suas caixas originais, conservados segundo normas rígidas - mas sem glamour. Tudo está devidamente registrado em seu computador data da compra e número em estoque.
Matéria retirada da revista vinhos de 2007
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