Matéria publica na revista Vinhos Magazine. (Matéria escrita por Rui Alves)
Achei interessante o assunto que aborda o investimento em vinhos, "Terra ou garrafas, onde colocar o dinheiro?"
Se o Conceito de investir for o de comprar hoje para beber no futuro, sim, vale a pena investir nos vinhos que melhoram com o tempo. Mas nem todos os vinhos envelhecem bem. Alguns perdem a fruta e não ganham nada. Outros permanecem com a fruta e ganham os aromas terciários, que só se desenvolvem na garrafa. Como saber? Há algumas regras genéricas.
Os bons Bordeaux amadurecem bem. Os vinhos mais simples do Novo Mundo são feitos para serem consumidos jovens. Alguns críticos, como Robert Parker, dão alguma orientação sobre a época ideal de consumo. A recomendação mais ouvida, correta, mas pouco prática, é comprar algumas garrafas do mesmo vinho e as abrir ao longo dos anos. O melhor conselho é o de Mário Telles Jr., uma das autoridades brasileiras: vinho bom nasce bom, pode ficar melhor, mas será sempre um prazer abrí-lo.
O Preço do Custo
Já se o conceito for investir para vender, pode valer a pena também, mas há vários fatores a considerar. O primeiro é o custo do dinheiro no Brasil, que historicamente tem juros altos, o que talvez compense outros investimentos. O segundo é que, em geral, mesmo os profissionais só investem nos ícones do mercado mundial. São nomes como Petrus, Ausone, Cheval Blanc, Château Margaux, Lafite, Mouton-Rothschild, Latour, Haurt-Brion, Yquem. Esses são cada vez mais desejados pelas novas fortunas da Ásia, do mundo árabe do Brasil. o terceiro é que a forma de se comprar esses vinhos é "enprimeur", ou seja, faz-se o pedido e paga-se por ele antes de o vinho existir. Na Inglaterra, um dos comerciantes que operava nesta modalidade, o Cellaret, quebrou e deixou os compradores a ver navios. Em São Paulo, isso já aconteceu também com um importador que deixou o mercado. Os compradores, no caso paulistano, tiveram melhor sorte. O proprietário fez alguns esforço para entregar algo similar. Mas demorou algum tempo e, em alguns casos, entregou algo pior. Ou seja, cuidado.
A Inglaterra desenvolveu um sofisticado mercado de investimentos em vinhos. A lenda diz que o ideal é comprar uma caixa e o tempo fará com que a venda da metade financie a apreciação da outra metade. Essa regra faz aumentar o risco de comprar uma garrafa depois de alguns anos. Será que ela ficou secando embaixo de alguma cama, suportando o calor seco da calefação que aquece os invernos londrinos? As grandes casas de leilão, como a Christie's e a Sotheby's, têm departamentos especializados em vinhos, que procuram verificar profissionalmente a origem e condições de armazenagem. Em Nova Iorque, a Zachy's e a Acker Merral & Condit também realizam leilões. Mas não tem jeito. Só a abertura da garrafa revelará a condição do vinho. E num mercado cada vez mais suscetível a falsificações, poucas pessoas no mundo poderão atestar a autencidade de um rótulo. Cuidado.
O preço da terra
O jornal inglês Financial Times publicou em maio o caderno especial Wine Investiment. O mercado de leilões nos EUA movimentou mais de US$ 230 milhões em 2007 e o da Inglaterra, US$ 35 milhões. O britânico Live-ex, índice de preços de vinhos, subiu 16% ao ano desde 2001, ano de sua criação. A crise americana das hipotecas subprime também afetou os preços, o índice mostrou perdas em alguns meses do ano passado. Por outro lado, os impostos de importação de vinho caíram em Hong Kong, ou seja, novos compradores já chegaram ao mercado. Cuidado. Dica de todos os críticos: Bordeaux 2007 não parece ser um grande investimento. Outra forma de investir em vinhos é a de comprar um vinhedo. Na região de Saint-Emilion, em Bordeaux, o hectare custa US$ 300 mil. Em outros lugares menos atrativos da região, o preço pode girar em torno de US$ 30 mil o hectare. Segundo cálculos de especialistas ouvidos pelo Financial Times, o preço de um filtro de vinho, depois de todos os investimentos realizados, pode variar entre US$6/7.5 por litro. Na região, dada a superoferta de vinhos genéricos, o preço no mercado é de US$ 3.6 por litro. Descontando o charme de ser proprietário de um vinhedo em Bordeaux, não parece ser um bom negócio. Que tal investir na Serra Gaúcha? No vale do São Francisco? Em Santa Catarina?
Comentários
O vinho português infelizmente não é um bom investimento, uma vez que não tem a notoriedade nem a procura internacional que os vinhos de Bordéus apresentam. Como sabemos retornos elevados, seguros e rápidos não existem muito menos na opção bolsista por isso para quem tem uma disponibilidade financeira para experimentar este mercado faça e veja por si próprio que resulta.