Começar a se apaixonar por vinhos é uma tarefa fácil e prazerosa. Começar a entender do assunto é um desafio interessante e que exige dedicação. Convidamos o químico Erick Scoralick, especialista em aromas e professor de cursos sobre vinhos ministrados em empresas, para destacar algumas dúvidas comuns de iniciantes.
Quais vinhos devo guardar?
Depende do tipo de vinho e das regiões onde é produzido. Tintos: a maioria dos Bordeaux e dos Bourgogne; Barolos; Barbarescos; Chiantis (somente os Reserva); Brunellos; Supertoscanos: Reserva e Gran Reservas espanhóis; os vinhos top do Novo Mundo, além dos Reserva Colheita e Garrafeira de Portugal. Brancos: os de Bourgogne, Riesling da Alemanha e outras raras exceções. Espumantes: Champagne Safrada. Fortificados doces: quase todos. Docs colheita tardia: a grande maioria deles.
Onde guardar?
Em adegas climatizadas ou locais frescos. As adegas com controle de temperatura e umidade são uma excelente opção. Caso não possa , armazene em local fresco, relativamente úmido, ao abrigo da luz, livre de odores fortes, como porão, debaixo de escadas, lareiras velhas e abandonadas.
Para que se usa um decantador? Quando devo usá-lo?
Para aerar a bebida e decantar resíduos que possam estar depositados no fundo da garrafa. Ele é aconselhável para abrir o aroma de vinhos jovens, seja do Velho ou Novo Mundo, além de suavizar os tânicos. Cuidado com vinhos muito antigos, pois há risco de "matá-los" com tanta oxigenação.
Quais variedades posso guardar abertos e por quanto tempo?
Em geral, de um dia até uma semana na geladeira, variando conforme o tipo de vinho, lembrando que é necessário utilizar uma bomba de vácuo para melhor conservação. O período indicado é sempre um tema polêmico. O ideal é tomar o vinho no mesmo dia, porém, em geral, recomenda-se: brancos e espumantes, de 1 a 2 dias na geladeira: tintos e rosés entre 3 e 4 dias; doces e fortificados, até 1 semana; portos como o Tawny podem durar muito tempo pois já estão oxidados. Vale ressaltar que nenhum ficará igual como quando aberto.
Vinhos do "Velho Chico"
Um lugar com parreirais repletos de uvas o ano todo, com água e sol abundantes, é o berço de vinhos tropicais de qualidade internacional.
Uma mistura curiosa que deu certo: gaúchos produzindo vinhos com um inconfundível "sotaque" nordestino. Sim, eles se encantaram com as condições naturais de um pedaço do sertão baiano e pernambucano, encontraram um terroir especial e inseriram o Vale do Rio São Francisco no mapa da vitivinicultura mundial.
Os primeiros desbravadores dispostos a se aventurar no plantio de uvas viníferas na região chegaram no fim da década de 70 movidos pelas pesquisas de agricultura irrigada e pelas condições climáticas tão distintas das encontradas no sul do país. Logo enólogos perceberam que, nessa área chamada de Sub-médio São Francisco, era possível obter duas safras e meia de uvas por ano, livres da dependência de chuvas - graças à disponibilidade de água bombeada do rio - e com sol durante quase todo o ano. A combinação deu origem a ótimos vinhos jovens, frutados e aromáticos. Segundo estatísticas recentes do Sebrae, há hoje mais de 12 mil hectares de vinhedos plantados, sendo 800 hectares de vinhedos plantados, sendo 800 hectares usados no processamento de mais 8 milhões de litros de vinho por ano, o que representa algo entre 15% e 20% de toda a produção nacional.
Seus rótulos vêm conquistando importantes prêmios internacionais e seus embarques já correspondem a 35% do total exportado do país. O diretor da ViniBrasil, João Santos, explica que a empresa já investiu R$ 2 milhões em pesquisas em conjunto com a Embrapa.
"Chegamos há cinco anos e, desde então, estudamos alternativas para aproveitar ainda mais os benefícios desta região", conta.
Enoturismo
Criado há poucos anos, o Roteiro do vinho do Vale do São Francisco tem grande potencial para se transformar em uma das mais interessantes rotas do setor na América do Sul, mas ainda há muito que fazer para sua consolidação. Já foram investidos milhões em estradas que dão acesso às vinícolas, mas algumas propriedades não possuem estrutura para receber o turista. A vinícola Garziera é uma das mais preparadas para esse tipo de receptivo. Possui uma sala de degustação, disponibiliza vídeos sobre o histórico da região e promove visitas monitoradas aos vinhedos. Jorge Garziera, proprietário e um dos primeiros gaúchos a firmar-se no Vale do São Francisco, acredita que a região ainda se transformará em exemplo mundial, não só pelos rótulos de qualidade mas por sua estrutura turística.
Entre as novidades que devem estimular a visitação, está prevista para o próximo ano a inauguração da Enoteca, no município de Lagoa Grande, PE, considerada a capital da uva e do vinho do nordeste. O espaço comercializará os vinhos do Vale, além de disponibilizar livros para pesquisa e de promover exposições fotográficas. Também serão implementadas novas placas de sinalização rodoviária para orientar melhor quem visita as vinícolas.
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