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A arte da descoberta

Milhares de rótulos, produtores, uvas, safras... são tantas as informações que a simples idéia de montar uma adega pode assustar. Mas não se deixe intimidar! Além de aprender muito, você verá que esta pode ser uma prazerosa experiência.

Há poucos anos, era comum a idéia de que boas adegas estavam ao alcance apenas de grandes entendedores ou pessoas decididas a investir um bom dinheiro em um espaço especial da casa. Hoje, ter uma adega interessante e coerente não só é viável como também representa uma boa oportunidade para mergulhar no encantador mundo dos vinhos. "Ao montar uma adega, você faz uma verdadeira viagem - tanto de autoconhecimento, observando e respeitando seus gostos pessoais quanto de descoberta das infinitas opções existentes no mercado", diz Everson Luiz, sommelier da importadora Mr. Man. "Quanto mais profundo for o conhecimento de si mesmo, melhores serão as suas escolhas" Há quem diga também que o prazer de compor a própria cave é quase tão intenso quanto o de degustar seus vinhos. Por isso, selecionamos algumas dicas que vão ajudá-lo nesta divertida viagem de descobrimento.


1) Gaste todo o tempo que for preciso para achar o local ideal para sua adega

O mais importante é que esteja protegido dos raios solares, da umidade de vibrações contínuas. A temperatura e a forma de armazenamento são essenciais para preservar a qualidade da bebida. Hoje, com as adegas climatizadas, isso ficou mais fácil. O ideal é manter uma temperatura entre 15º e 17º C, conforme o vinho e a recomendação do produtor. A garrafa deve ser sempre guardada na posição horizontal para manter a rolha em contato com o líquido, evitando seu ressecamento e, consequentemente, a entrada de ar na garrafa, o que é fatal para o vinho.


2) Busque referências em revistas, livros, confrarias e com amigos

Discutir sobre o assunto é fundamental para aprofundar os conhecimentos. Mas lembre-se: a sua opinião é a que vale. Afinal, uma cave personalizada deve refletir as preferências de seu dono. Inicialmente, pode ser difícil identificá-las, por isso tome como base algum vinho de que tenha gostado, procure saber suas características e compre algumas garrafas similares. Não se deixe influenciar por preço ou fama.


2.1) Pergunte-se por que você vai comprar o vinho

Uma ocasião especial? Para acompanhar um prato sofisticado? Simplesmente degustá-lo? Com essas perguntas em mente, você tende a definir melhor suas compras e sempre terá em casa vinhos para diversas situações.


3) Tente equilibrar sua adega com:

Vinhos para serem consumidos rapidamente, como brancos secos com baixo teor alcoólico, tintos como nouveau e champanhes e espumantes sem safra mencionada;

Vinhos para serem guardados por um período de 1 a 2 anos, isto é, brancos e tintos que evoluem na garrafa, como alguns Pinot Noir, Sangiovese e Boudeaux brancos;

Vinhos para serem guardados de 2 a 5 anos, como Chiantis clássicos, Rhône, Alsace e tintos da Borgonha.

Vinhos para longa guarda, como espanhóis Reserva e Gran Reserva, safras especiais,supertoscanos.


4) Tenha opções variadas de uvas, que podem acompanhar diferentes pratos, eventos e até mesmo seu humor

A Chardonnay, por exemplo, faz vinhos brancos mais frutados e com moderada acidez; já a Pinot Noir faz vinhos com aromas delicados, lembrando frutas vermelhas, flores e especiarias, com boa acidez e tanicidade moderada.


5) Escolhida a uva, aventure-se entre os diversos produtores e regiões

Neste momento, descubra quais países produzem a melhor uva e busque mais informações sobre a composição do vinho, o produtor e a região etc. Muitos acreditam que, no início, é bom voltar as atenções a exemplares do novo mundo, principalmente da Argentina e do Chile, devido à grande oferta no mercado e ao fato de eles se harmonizarem perfeitamente com o paladar dos brasileiros. "Geralmente esses países produzem vinhos mais diretos e macios, prontos para beber, que possuem uma ótima relação custo-benefício", revela Nelson Luiz Pereira, diretor de degustação da Associação Brasileira de Sommeliers, que sugere uvas como a Cabernet Sauvignon e a Carmenère do Chile, bem como a Malbec da Argentina. Os clássicos, porém, devem sempre estar presentes, como aqueles de regiões tradicionais de Portugal (Douro, Porto, Alentejo, Dão, Setúbal e Madeira), França (Champagne, Bordeaux e Bourgogne), Itália (Piemonte, Veneto e Toscana) e Espanha (Rioja, Ribera del Duero e Jerez).


6)Durante o ritual da compra observar as safras é muito importante

Para ajudar, procure uma importadora ou loja com boa variedade, onde é possível encontrar a tabela de cotação das melhores safras. Caso queira pesquisar antes, na internet há bons sites para buscar informações. (Clique aqui e conheca uma busca avançada de vinhos)


7)Faça um minidiário sobre suas impressões a cada degustação

Se você provar o mesmo vinho em duas ocasiões diferentes, com certeza terá sensações diferentes. Além disso, existem vários softwares que facilitam o controle de sua adega, permitindo a catalogação de cada garrafa, sua história, comentários de especialistas e, é claro, suas impressões pessoais.


Na hora da compra



  • De preferência, compre suas garrafas em locais com boa variedade e rotatividade, como importadoras, lojas especializadas, grandes redes de supermercado ou os próprios produtores.

  • Tenha em mente que garrafas pequenas (375 ml) tendem a acelerar o envelhecimento.

  • Certifique-se de que o nível do líquido na garrafa esteja perfeito. Evaporação e vazamento indicam defeito na rolha.

  • Tenha cuidado com vinhos de safras antigas, principalmente os brancos. A evolução dos vinhos brancos secos, de maneira geral, é mais rápida do que a dos tintos. Por isso, devem ser consumidos num prazo mais curto. Existem algumas excessões, como os grandes brancos da Borgonha, por exemplo.

  • Pressione a rolha e veja se não está afundando. Se estiver, o vinho pode apresentar sérios problemas, pois significa que a rolha perdeu sua função de protegê-lo de uma eventual oxidação. Algumas causas disso são o mau arrolhamento, o armazenamento de garrafas em pé, temperatura muito acima dos padrões de conservação e a manipulação inadequada.




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