Na década de 60, o jovem Robert Parker descobriu o vinho na França. Hoje é o crítico mais influente do mundo.
Até mesmo quem não se interessa por vinho já ouviu falar de Robert Parker. Apontado pelo jornal The New York Times como o crítico mais influente do mundo, ele desperta paixões e ódios incontidos. Há que deteste seu sistema numérico de avaliação, que posiciona os rótulos num ranking de até 100 pontos. Há quem o acuse de promover uma padronização do gosto, de seu gosto, pois, não raro, produtores mais volúveis tentam agradar ao palato do especialista para que seus vinhos subam no ranking - as garrafas que chegam ao topo da lista de Parker valorizam-se de maneira espetacular.
Mas também é verdade que existe toda uma geração de americanos que aprendeu a gostar de vinho com ele. Esse mérito é indiscutível. Parker mudou a forma como os americanos se relacionavam com a bebida. Ao começar a escrever sobre o assunto de maneira objetiva, clara e sem afetação, o crítico enviou a seus compatriotas a seguinte mensagem:
vinho é algo maravilhoso, feito para proporcionar prazer.
Não se tratava de diletantismo, ele realmente acredita nisso. Formado em história e direito, Parker começou a se interessar por vinhos durante uma viagem à França em 1967.
Na ocasião, ele foi visitar a namorada (com quem hoje e casado), então estudante na Alsácia, França. Lá se encantou com os vinhos da região.
De volta aos Estados Unidos, trabalhou durante uma década no Farm Credit Banks de Baltimore, sua cidade natal. Paralelamente, o interesse crescente em estudar vinhos esbarrava na falta de literatura disponível, na escassez de revistas especializadas no assunto. A ideia de criar uma publicação que tratasse de vinhos de forma independente e precisa comecou a ser pensada em 1975. Três anos depois, o conceito de guia de vinhos surgiu no formato da The Baltimore-Washington Wine Advocate (hoje apenas The Wine Advocate). A primeira edição do guia foi enviada de graça a uma lista de apreciadores de vinho conseguida com distribuidores da bebida. No mesmo ano, a publicação, que surgiu como uma despretensiosa newsletter, chegou a ter 600 assinantes. Atualmente, tem mais de 50 mil assinantes espalhados por quase 40 países.
O grande salto ocorreu no início da década de 1980, quando Parker largou o emprego para se dedicar ao vinho. A escolha mostrou-se mais do que acertada, pois, quando ninguém apontava para a superioridade da safra de 1982 dos vinhos de Bordeaux, Parker a classificou como "soberba" e deixou os outros críticos comendo poeira. A partir daí, sua credibilidade e popularidade cresceram de forma astronômica.
Mesmo após o sucesso, ameaças de morte e a curiosidade causada pela celebridade, que culminou na biografia Robert Parker - O imperador do vinho (Elin McCoy, Campus, 2006), ele mantém a mesma filosofia do início: compra todas as garrafas que degusta e nunca, jamais, em hipótese alguma avalia um vinho que mandam para sua casa.
Nas páginas da revista The Wine Advocate e no site http://www.erobertparker.com/, ele abastece o leitor com notas de degustação, informações criteriosas, comentários críticos e opinião sobre as mais de 10 mil garrafas que experimenta todos os anos.
Aos 61 anos, garante que a paixão pelos tintos e brancos continua intacta. "No final do dia, ainda me delicio com uma taça de vinho", diz ele.
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