A Cave Marson mostra que manter a família unida por cinco gerações pode ser uma excelente receita para se produzirem ótimos vinhos e espumantes.
Poucos brasileiros já ouviram falar da pequena Cotiporã, perdida em meio à Serra Gaúcha com seus cinco mil habitantes, distante 150 km de Porto Alegre. Mas quem nasce na região compartilha de um orgulho: saber que seu terroir é responsável por produzir alguns dos melhores espumantes e vinhos do Brasil. A razão desta fama vem do talento da centenária família Marson, aliado a excelentes condições naturais e videiras plantadas a 800 metros de altitude.
A trajetória da família no mundo do vinho começou em 1887, quando o imigrante italiano Antonio Marson chegou à região e começou a produzir a bebida de forma artesanal. Seu filho, Natal, seguiu seus passos e foi além, buscando profissionalizar a vinícola. Assim, aumetou a produtividade, passou a fornecer para a Companhia vinícola Rio Grandense, em 1939, fundou oficialmente a Cave Marson.
Os anos se passaram e seu herdeiro, Antonio Cirilo, adquiriu novas terras para o plantio de videiras, iniciando a produção de vinhos finos no final dos 80 e deixando um legado que manteria unidos seus sete filhos homens: muito trabalho para colocar a Marson em uma posição de destaque no cenário vitivinicultor nacional.
O desejo do pai foi atendido com êxito. Atualmente, seis dos sete irmãos estão no comando da Cave Marson, reforçado pelo sangue novo da quinta geração, os sobrinhos Márcio e Roges, que herdaram a parte do pai, Mercilo. "É gratificante fazer algo com amor ao lado de quem você ama. O segredo é equilibrar a relação familiar com o lado profissional", explica João Marson, da quarta geração, que coordena um novo programa de gestão empresarial a ser implantado na empresa.
Os resultados positivos desta reunião são refletidos em mais de 70 prêmios - dezenas deles internacionais - obtidos com o espumante Marson Moscatel e o Brut, que recebeu elogios da respeitada Master of Wine Jancis Robinson sobre seu "frescor absoluto". Os vinhos também são destaques no cenário nacional. O Marson Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2004 conquistou o disputado prêmio de Melhor Tinto Nacional durante a eleição Top 10 da Expovinis 2008.
Paulo Marson, que é agrônomo e trabalha ao lado do irmão e enólogo Heitor, explica que os vinhos da linha Gran Reserva são provenientes de videiras de baixa produção - quatro quilos por pé - com uvas de mais taninos e melhor estrutura, o que permite guardá-los por 10 ou 15 anos. "A receita é trabalhar com matéria-prima de qualidade, ser honesto e transparente e ter paciência para deixar o tempo fazer seu papel", conta o especialista. E anuncia: "A safra 2005 promete ser ainda melhor que a recém premiada 2004".
Novos projetos também devem marcar os próximos três anos da vinícola gaúcha.
A proposta é redistribuir seu portifólio de 750 mil garrafas, com enfoque no bom momento de seus espumantes, que crescem 20% ao ano. A atual parcela de 80% de vinhos será reduzida pela metade e os espumantes passarão a responder por 60% da produção total. E ainda este ano será lançado um novo Brut feito com o método Charmat, na própria vinícola, que investirá cerca de R$ 250 mil em infra-estrutura.
Em 2009, um rótulo rosé deve completar as novidades. Apesar das mudanças previstas e de investimentos em modernização, visitar a Marson em Cotiporã é uma grata viagem ao passado. No local é mantida a tradicional casa-sede, moradia de quatro gerações da família. No salão onde eram produzidos os vinhos artesanais no final do século 19 fica atual sala de degustações onde o visitante pode experimentar safras especiais, conhecer um pouco as técnicas de produção e ainda ouvir bons "causos".
Comentários
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