(e seus novos vinhos)
Vinho e religião sempre estiveram ligados. Em Israel, a conexão entre os dois é ainda mais forte
Israel, terra de guerras, invasões, martírios e mártires. Terra de povos, religiões, credos e crenças. Terra de ninguém. Terra de todos. Terra de vinhos. Como nos relata a Bíblia e como acontece até os dias de hoje, o vinho está diretamente ligado a eventos religiosos - sejam celebrações, festas, rituais, banquetes ou ceias. Sua afinidade com religiões vem de milênios e, por consequência, a bebida tem longa e forte ligação com a região.
Mas, mesmo desconsiderando a época bíblica, a história do vinho em Israel vem de muito tempo, desde antes da criação do Estado. Foi no ano de 1882 que o barão Edmond de Rothschild (proprietário do Château Latife-Rothschild ) fundou que hoje é a maior e mais conhecida vinícola israelense, a Carmel, que, durante muito tempo, dominou a produção de vinhos daquele país.
Terra prometida, vinhos promissores
Segundo a religião judaica e, principalmente, para os que a seguem mais fielmente, tanto alimentos como bebidas devem respeitar respeitar normas de produção e consumo. No caso dos vinhos, por exemplo, quase nada muda. As uvas são as mesma e a vinificação é igual. A diferença principal é que são consideradas algumas normas específicas de higiene. E todo o processo, do plantio das vinhas ao engarrafamento, passando pela colheita, deve ser inspecionado por observadores ortodoxos, que garantem o cumprimento das leis. E só assim os vinhos recebem um selo de certificação Kosher.
Até s anos 80 a produção em Israel se concentrou em um tipo de bebida sacramental, doce, para finalidades rituais. Não havia preocupação com qualidade e o vinho elaborado era bastante simples e fraco - um estigma que carrega até hoje.
Mas de lá para cá houve uma verdadeira revolução e a realidade atualmente é bem diferente. Assim como em outras partes do mundo, a modernidade na produção chegou aquele país. Novas vinícolas, novas castas, diferentes estilos, regiões e terroirs. As cepas, em sua grande maioria, são as utilizadas em Bordeaux como a Cabernet Sauvignon e a Merlot, uvas que compõem os vinhos de melhor qualidade no país e que podem ser varietais ( (de uma só uva) ou cortes (que misturam uvas). Kosher ou não, bebidas cada vez melhores são elaboradas, e foi isso que pretendemos comprovar em nossa degustação. As principais regiões produtoras são a Galiléia e o Golan, ao norte, a região costeira entre TelAviv e Haifa, os montes da Judéia, ao sul de Jerusálem, e o deserto do Neguev, ao sul de Gaza.
Novamente no restaurante Aguzzo (onde nos sentimos em casa), um grupo de oito degustadores, contando com a honrosa participação de Manoel Beato, degustou nove rótulos de variados produtores, regiões e uvas.
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