Uvas brasileiras. Existem inúmeras variedades de uvas para a elaboração de vinho em diferentes regiões vinícolas. Pode-se dividi-las em duas categorias principais: a Vitis vinifera, que dá vinhos superiores, encorpados, redondos, de agradável bouquet, e a Vitis labrusca, que dá vinhos comuns..
No Brasil, as variedades de uvas da espécie Vitis vinifera têm seu cultivo praticamente limitado aos Estados mais frios do país, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e sua produção tem sido tentada também em Pernambuco, ao longo do rio São Francisco. As da espécie Vitis labrusca devido a sua rusticidade e resistência, são cultivadas nos demais Estados onde a indústria vinícola se instalou, como Minas, São Paulo e Paraná. Os vinhos produzidos com esta espécie em geral são fortemente "foxés" ou "foxados", o que significa ter um forte cheiro da uva, o que prejudica sua qualidade. Uma terceira espécie menos expressiva é a Vitis bourquina, que, ao contrário da labrusca, tem falta de aroma. As variedades dessa espécie são mais cultivadas em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
As principais variedades de uvas tintas e brancas que entram na produção dos vinhos nacionais são:
BARBERA, Vitis vinifera. Uva italiana da área de Piemonte; dá vinhos um tanto rústicos, frutados e bastante ácidos. Foi uma das primeiras uvas cultivadas pelos italianos no Brasil. É mais usada em combinação com outras (cortes).
BONARDA, Vitis vinifera. Cultivada pelos italianos no Rio Grande do Sul. Também é mais usada para cortes (combinações com outras uvas).
CABERNET FRANC, idem. Cultivada no Brasil, originária de Bordeaux, França, sua planta distingue-se pelas folhas verde-escuras, grãos pequenos, esféricos e de casca grossa. Dá vinhos de ótima qualidade com aroma pronunciado. É usada para combinações com outras uvas (por exemplo, a uva Merlot, da mesma origem) no chamado "corte bordalês" (mistura de uvas originadas de Bordeaux). Adaptou-se muito bem ao Rio Grande do Sul. É a base de vinhos frutados (que cheiram a fruta devido à presença de frutose, açúcar das frutas em geral, e que está presente também nas uvas), agradáveis, e que dispensam envelhecimento prolongado.
CABERNET SAUVIGNON. Cultivada no Brasil, oriunda de Bordeaux, França, tem cachos pequenos e cilíndricos, frutos pequenos, esféricos e de sabor meio amargo. Produz vinhos bem encorpados (espessos ou densos), frutados, porém é uma uva com alto teor de tanino e pode dar vinhos muito rascantes. Seus vinhos precisam de algum envelhecimento, para adquirir toda sua qualidade.
CANAIOLO. Vitis vinifera cultivada no Brasil
CONCORD. Processada no Rio Grande do Sul
COUDERC. Processada no Rio Grande do Sul
GAMAY. Cultivada no Brasil, de origem francesa (Vinhos Beaujolais, Borgonha), produz vinhos de vermelho intenso.
HERBEMONT. Processada no Rio Grande do Sul
ISABEL. Vitis labrusca cultivada no Brasil. É a principal uva destinada ao processamento de vinho no Rio Grande do Sul. É utilizada para elaboração de vinho tinto comum e para elaboração de suco de uvas. As duas espécies norte-americanas Fox grape (Vitis Labrusca) e Fox grape (Vitis vulpina) deram origem a certo número de variedades, entre elas a Isabel e a Concord, aqui listadas. Como em geral todas as variedades labruscas apresentam teor mais elevado de antranilato de metila, substância que produz aroma forte de uva, esse tipo de aroma ficou conhecido por "foxado", ou próprio da Fox grape (foxy, no Webster's, 1966).
MALBEC. Uva tinta, também compõe o corte bordalês. Presença marcante na Argentina, onde dá origem a vinhos fortes, encorpados e redondos. É pouco cultivada no Brasil, mas é base de muitos vinhos argentinos consumidos aqui.
MERLOT. Vitis vinifera cultivada no Brasil. Tem baixo teor de tanino, produz vinhos menos agressivos que os da Cabernet, razoavelmente encorpados, pouco ácidos, mas de cor intensa e agradáveis ao paladar e ao olfato; dispensam envelhecimento. Entra em muitos cortes para atenuar produtos mais fortes. É produzida na Serra Gaúcha.
SAUVIGNON. Vitis vinifera muito cultivada e difundida no Brasil. Seus vinhos não precisam de envelhecimento longo.
PERIQUITA. Chamada também "castelã francesa", difundiu-se no Sul de Portugal, na região da Arrábida, onde é produzido o vinho do mesmo nome. Foram feitas algumas experiências no Brasil, cujo resultado desconhecemos.
PINOT NOIR. Ainda pouco cultivada no Brasil, oriunda de Borgonha, França, tem o fruto ovalado com casca ligeiramente grossa; produz vinhos com aroma característico, meio ácidos mas alguns relativamente bons.
SANGIOVESE. Vitis vinifera de alta qualidade, cultivada no Brasil, originária da Toscana, é uma das uvas mais plantadas na Itália.
SAUVIGNON. Tinta, comercial, tem o amargo de limão.
SEIBEL. Processada no Rio Grande do Sul
SYRAH. Vitis vinifera pouco cultivada no Brasil, porém seus vinhos são um produto muito importado da Argentina.
UVAS BRANCAS:
CHARDONNAY. Adaptável a diversos tipos de clima é, tanto quanto a Cabernet Sauvignon, uma uva muito plantada no mundo inteiro, e importante no Brasil. É oriunda da Borgonha, França, produz vinhos brancos "chablis" de intenso aroma e gosto persistente. Seu fruto é esférico e miúdo, e dá em pequenos cachos de forma cilíndrica. Seus sabores e aromas frutados variam conforme as regiões, podendo lembrar frutas tropicais nas regiões mais quentes. O vinho chardonnay geralmente é rico e encorpado; no entanto, pode também ter aromas menos agradáveis, de terra ou de cogumelos, e possui acidez entre média e alta.
COUDERC. Uva híbrida desenvolvida no Brasil processada no Rio Grande do Sul
GEWÜRZTRAMINER. Uva aromática, que se supõe originária do norte da Itália. da região de Tramim. No Brasil, começa a ser produzida e já dá bons vinhos.
MALVASIA. Vitis vinifera cultivada no Brasil. Uva bastante aromática que entra em muitos brancos como Frascati, vários vinhos doces e também vinhos tipo Champagne. Participa dos cortes para compensar uvas menos aromáticas..
MOSCATO. Cultivada no Brasil, trazida pelos primeiros imigrantes italianos (Na Itália é base do Asti Spumante), apresenta cachos grandes e compactos. Tem várias sub-variedades. É usada na produção de vinhos brancos doces e aromáticos.
NIÁGARA BRANCA. Vitis labrusca cultivada no Brasil processada no Rio Grande do Sul
NIÁGARA ROSADA. Vitis labrusca cultivada no Brasil processada no Rio Grande do Sul.
PEREVELLA. Vitis vinifera cultivada no Brasil
PINOT BLANC. Desenvolvida na Europa a partir da Pinot Noir. No Brasil, começa a ser plantada e está agradando.
RIESLING ITÁLICA. Cultivada no Brasil, produz vinhos brancos entre razoáveis e bons, frutados, agradáveis, mas não muito aromáticos. Aqui, é a vinífera branca fina mais difundida, base de alguns dos melhores brancos nacionais. Na Europa, muito usada para cortes.
RIESLING. Vitis vinifera cultivada no Brasil. Produz vinho com alta acidez, teor alcoólico de baixo a médio, levemente encorpados.
SAUVIGNON BLANC. Tradicional variedade francesa, branca comercial, cultivada no Brasil, origina vinho branco de sabor um pouco amargo e aroma fino.
SEMILLON. Vitis vinifera cultivada no Brasil, é bastante comum e produz vinhos bons, mas pouco expressivos. É mais difundida no Chile e na Argentina, dá origem a muitos brancos importados.
TREBBIANO. Vitis vinifera cultivada no Brasil é uma uva branca de qualidade mediana. muito espalhada em todo o mundo. Vinhos normalmente medíocres.
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