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Jogo da Verdade

Regras e mitos veem no mundo do vinho um campo perfeito para crescerem e se multiplicarem. Mas o que há de verdadeiro no que é dito?





A brincadeira manda que amigos formem um círculo e, em seu centro, girem uma garrafa. O fundo indica quem faz a pergunta e o gargalo quem a responde. Mas resolvemos colocar a garrafa sobre a mesa - onde já se viu colocá-la no chão?!

- e convidar dois profissionais para falarem toda a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade a respeito das várias regras e mitos que habitam o mundo do vinho. Para nossa roda, convidamos Maitê Marani, da enoteca In Vino Amici, e Eduardp Paes de Andrade, consultor do Grupo Expand.



Quanto mais velho, melhor

Falso. "Os vinhos elaborados para envelhecer são os únicos que realmente evoluem com o passar dos anos", diz Maitê. "A grande maioria dos que estão disponíveis no mercado saem prontos das vinícolas e já atingiram o auge para o consumo." Paes de Andrade completa: "De um a três anos após a safra, esses vinhos de consumo imediato, apesar de não estarem estragados, já haverão perdido a exuberência de seus melhores atributos: intensidade de fruta, cor e frescor". Admitindo transporte e armazenamento ideais, a longevidade de um vinho, conforme ensina o consultor, é determinada por sua estrutura, cujos principais componentes são alcoóis, ácidos e polifenóis. "Quanto maior a concentração desses compostos, mais longevo será o vinho. Assim, os tintos tendem a ser mais longevos do que os brancos, pois estes, como não fermentam em contato com as cascas, apresentam níveis baixos de polifenóis. "Paes de Andrade lembra ainda que, mesmo os vinhos que têm capacidade de amadurecer e melhorar com a idade (vinhos de guarda) não são eternos. "Eles evoluem, atingem seu apogeu e, por fim, começam a declinar até perecerem."



Quanto mais caro, melhor

Não necessariamente. Preço e qualidade nem sempre têm relação diretamente proporcional. "O preço é um indicativo de qualidade bastante relativo, pois apenas parte dele - e, em muitos casos, a menor parte - é compota pelos custos de produção, ou seja, os custos da qualidade, como seleção clonal de videiras superiores, tratamentos e rendimentos do vinhedo, mão-de-obra, equipamentos da adega, rolhas e barricas", explica Paes de Andrade. Outros custos que formam o preço do vinho - como marketing, distribuição, demanda ou prestígio - não interferem na qualidade do vinho. Segundo o consultor, embora existam vinhos melhores ou piores do ponto de vista técnico, o que vale para o consumidor são suas preferências pessoais. "O seu gosto é o seu norte!"



Uvas Tintas produzem vinhos tintos, e uvas brancas, vinhos brancos

Nem sempre. O vinho tinto é sempre produzido das uvas tintas, enquanto o branco é procedente de uvas brancas ou tintas. o que muda é que, quando vinhos brancos são produzidos com uvas escuras, a casca da fruta é removida antes de terminar a fermentação. "A elaboração do Champagne, em geral, utiliza três uvas em sua produção, Chardonnay, em geral, utiliza três uvas em sua produção, Chardonnay, que é uma uva branca, além das tintas Pinot Noir Meunier", diz Maitê. "A delicada prensagem das uvas é a razão para a cor da casca não passar para o vinho."



Todos os vinhos devem ser guardados na horizontal

Não necessariamente. A tradição de guardar as garrafas na horizontal tem como finalidade manter o vinho em contato com a rolha, para que ela se mantenha úmida e elástica, otimizando a vedação da garrafa e impedindo a invasão do oxigênio, principal inimigo do vinho. "Manter o vinho em contato com a rolha também impede que, em caso de infiltração de ar, o amplo espaço que existiria entra a rolha e a superfície do vinho com a garrafa na vertical, seja todo ocupado pelo ar, o que aceleraria a oxidação do vinho", diz Paes de Andrade. Com novas tampas tipo screwcap ou de vidro, altamente herméticas, já não é essencial deitar as garrafas. "Mas, por que não? Mal não faz e é mais seguro para os desastrados", brinca o consultor.



Quanto menores as bolhas, melhor é o espumante

Falso. "O tamanho das bolhas desprendidas do espumante a taça tem pouca relação com a qualidade do produto", diz Maitê. Outros fatores, como a temperatura de serviço e defeitos ou impurezas nas taças (resíduos de sabão, ranhuras formadas pelo pano de prato...), têm relação direta com o tamanho e a quantidade das borbulhas.



Vinho de corte são de qualidade inferior aos vinhos varietais

Falso. Vinhos elaborados com apenas uma uva podem ser tão bons quanto aqueles elaborados com duas ou mais (assemblage). "Ao misturar diferentes tipos de uva, o produtor tem a possibilidade de ressaltar as qualidades de cada uma, corrigindo possíveis características que desagradem ao consumidor, como acidez excessiva, taninos muito agressivos etc", diz Maitê.



A rolha dá sabor ao vinho

Sim, pode ser, mas um sabor ruim! "Uma rolha contaminada por fungo transfere aromas e sabores ao vinho. Esse é um problema que atinge algumas rolhas naturais feitas de cortiça e que é chamado bouchonné", diz Paes de Andrade. Para evitar esse defeitos (e também para baixar os custos de sua produção, é claro), muitos produtores passaram a utilizar rolha sintética ou tampas tipo screwcap. "Na infelicidade de se deparar com um vinho com intenso aroma de mofo e fungo, como o daqueles panos de chão úmidos e esquecidos em algum canto, solicite a troca da garrafa. É justo!"



Antes de servir um vinho, abra a garrafa para deixá-lo respirar

Falso. "Abrir uma garrafa de vinho e deixá-la um tempo aberta antes de servir põe apenas a superfície do líquido do gargalo em contato com o ar e, por isso, a aeração será mínima. Para deixar o vinho respirar, o ideal é decantá-lo", ensina Maitê.



Na onda tecnológica

Uma nova lei imposta recentemente pela União Europeia proibiu o uso da palavra porto para vinhos que não sejam produzidos em Portugal e de acordo com algumas características específicas. Diante das novas restrições, profissionais da 6 West Design quebraram a cabeça buscando uma solução para o Zinfandel da californiana Peltier Station winery (http://www.peltierstation.com/). Assim nasceu o vinho USB, em referência ao tipo de conexão de periféricos em computadores, o USB Port. A descrição no verso do rótulo é ainda mais sarcástica em relação à proibição, já que substitui "port" de diversas palavras por lacunas (por exemplo:"_fólio" e "im_ant"). A imagem do rótulo mostra ainda uma vinha constrida com códigos binários e cujas raízes formam o símbolo de USB. No caminho inverso, um pen-drive USB ganhou formato de rolha. Trata-se do wine stopper, que acaba de chegar ao Brasil, importado pela Etto (http://www.ettobrasil.com.br/). Há versões de 1GB a 8GB de capacidade de armazenamento. A mais simples está à venda por R$180. Agora só falta um computador em forma de garrafa...

Comentários

Amigos do Vinho disse…
andres.perez7@yahoo.com.br

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