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O vinho, o álcool e a saúde.

Consumidores de bebidas alcoólicas carregam a imagem de indivíduos que destroem sua saúde, e, em todos os campos da mídia, ecoam os malefícios do respectivo consumo.


O consumo exagerado de álcool provoca dependência e degeneração de praticamente de todos os sistemas do corpo humano, aumentando o risco de uma infinidade de doenças. Meu avô, originário de família de Pisa, na Toscana sempre justificava seus copos de vinho durante as macarronadas de domingo dizendo que seu pai vivera até os 90 anos tomando um copo de vinho todos os dias! Será que o vinho pode, de alguma forma, contribuir à saúde se consumido com moderação e equilíbrio?

Em 2006, um estudo de revisão publicado por Vidavalur e colegas da University of Connecticut Health Center reportou que os possíveis mecanismos implicados no potencial benefício do consumo de vinho tinto estão relacionados aos polifenóis, especialmente ao resveratrol que está presente na casca das uvas vermelhas. Os benefícios à saúde já reportados incluíam redução da mortalidade cardiovascular, por câncer de pulmão e câncer de próstata em até 30%, 50% e 57%, respectivamente. Os polifenóis possuem ação antioxidante, precondicionamento isquêmico e propriedades angiogênicas, que permitiriam um efeito protetor contra aquelas doenças.

De fato, esses efeitos protetores só poderiam ser verificados em pessoas que consumissem moderadamente o vinho tinto, uma vez que os efeitos deletérios do álcool suplantariam os efeitos benéficos dos polifenóis naqueles que consumissem quantidades da bebida superiores ao ideal.

Os problemas cardíacos são temidos e conhecidos de tal forma que, nas últimas duas décadas, a mortalidade por ataques cardíacos diminuiu consideravelmente, pois, além dos avanços médicos para a prevenção e o tratamento dessas doenças, difundiu-se a importância de controlar o peso, de realizar exames periódicos. Com o aumento da expectativa de vida em razão de de ter vencido o coração, outro inimigo passou a assombrar a saúde do homem: a próstata!

O problema mais comum é o aumento progressivo de volume após os 40 anos de idade, o que provoca a obstrução progressiva à saída da urina e causa desde um pequeno incômodo até a obstrução completa da bexiga. Aos 80 anos de idade, quase todos os homens vão ter um aumento do volume da próstata com graus variáveis de repercussão, e a minoria precisará de uma cirurgia. Um estudo realizado com cerca de 1.400 homens em Nápolim na Itália, foi publicado em 2004 e observou uma relação inversa entre consumo de vinho e obstrução sintomática pelo aumento da próstata, principalmente entre os homens com menor peso, ou seja, tomar vinho pode ajudar a saída da urina, diminuindo o impacto da obstrução pela próstata.

A recorrência mais temida, no entanto, é o cancêr de próstata, que pode acometer um em cada cinco ou seis homens acima dos 50 anos de idade. No mundo ocidental, observa-se incidência de câncer de próstata três a dez vezes maior que a detectada nos países orientais. As razões mais prováveis dessa contratação estão no maior consumo de gordura animal, no menor consumo de vegetais e de fibras, na obesidade e no sedentarismo. Alguns fatores protetores para diminuir o risco de desenvolver câncer de próstata podem ser o licopeno (presente no tomate), o selênium (presente em grãos como castanhas e amêndoas), a vitamina E e, eventualmente, o vinho tinto. Em 2007, Sutcliffe e colegas do Departamento de Epidemiologia da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health reportaram um estudo realizado com mais de 45 mil homens entre 1986 e 2002, para investigar o risco de câncer de próstata em associação com consumo de vinho tinto. Observou-se um menor risco da doença naqueles que tinham um consumo estável de vinho tinto de até quatro copos por semana, associado com a ausência dos outros fatores de risco mencionados acima, desde que tivessem menos do que 65 anos de idade. Os homens que bebiam mais do que isso por semana não tinham benefício, mas também não aumentaram o risco de desenvolver a doença.

Encontrar o equilíbrio certamente é um dos grandes desafios da vida.

Uma vez me disseram que o equilíbrio ao longo da vida é como se estivéssemos o tempo todo equilibrando no ar cinco bolas: o trabalho, a família, os amigos, os prazeres e a saúde. Logo descobrimos que o trabalho é uma bola de borracha; se cair, ela logo volta. As outras bolas, no entanto, são de vidro, e a saúde é uma bola de cristal; se caírem, nunca serão iguais. Podem lascar, rachar ou até mesmo serem totalmente destruídas. Por outro lado, Gerge Orwell disse que "... no equilíbrio, a vida é sofrimento... Só os muito jovens ou tolos é que duvidam...". Mas será possível encontrar o equilíbrio sem deixar cair uma das bolas? Eventualmente, sair só um pouquinho do equilíbrio pode fazer alguma diferença para alguns e tornar as suas vidas mais gratificantes, singulares e belas. Tal e qual a Torre de Pisa, que saiu um pouquinho do equilíbrio e está de pé desde 1173. O fato é que o equilíbrio é variável, cada um tem de achar o seu!

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